Obrigada pela imagem, CJ!
14.8.12
2.8.12
(N. do T.)
Estou a ler o Moby Dick e a gostar, naturalmente (embora lhe fizesse uns cortes aqui e ali). Encontrei num alfarrabista uma bela edição, da Estúdios Cor, com tradução de Alfredo Margarido e Daniel Gonçalves.
Estas traduções antigas são a minha madalena. Há cinquenta anos o vocabulário era outro e isso muda tudo. Enquanto leio vou recuando no tempo e a viagem desculpa as vírgulas mal colocadas e quaisquer outras atribulações menores. Além disso, as marcas dos chumbos tipográficos saltam à vista e essa artesanalidade dá um quentinho extra à leitura. Cresci com a colecção «Dois Mundos» e a minha Mafalda é a das traduções dos anos 70, talvez a nostalgia venha daí. Mas adiante.
A tradução está bem feita e a primeira gralha só a encontrei lá para a página 80. Não sou defensora acérrima de um tipo particular de tradução — mais próxima da língua de partida ou da de chegada, com o tradutor mais discreto ou mais à vista —, ela tem é de ser competente e a adequada para o livro em causa. Neste caso particular, estou bastante ciente da presença do tradutor, que me tem feito uma agradável companhia. Aquilo por que não esperava era que ele se pusesse a dizer de sua justiça quanto ao autor, a outros tradutores ou à literatura em geral. Ora espreitem:
Eis o parágrafo a que a nota diz respeito:
Já vi, e até já fiz, muita coisa fora do normal, mas opinar desta maneira é para mim uma novidade. Não me incomodou minimamente, mas fiquei espantada, pois este género de considerações costuma pertencer aos bastidores.
Resta saber qual dos dois, AM ou DG, foi o atrevido.*
Para terminar, deixo-vos uma das muitas pérolas de Melville neste clássico:
* Costumava achar que as obras com dois ou mais tradutores eram feitas em colaboração, lado a lado, devido à complexidade do original. Entrando para a edição, rapidamente me desenganei — trata-se quase sempre de uma divisão geométrica.
PS: Se fosse vivo, o senhor Melville teria feito ontem 193 anos.
PS: Se fosse vivo, o senhor Melville teria feito ontem 193 anos.
1.8.12
Nível crítico: Panzer
António Araújo passa por cima de Domingos Amaral uma, duas, três e quatro vezes com um tanque de guerra. Vale a pena ler de fio a pavio a crónica deste desastre, a fazer lembrar a que Rogério Casanova dedicou a Margarida Rebelo Pinto.
Claro que se pode discutir uma série de coisas e racionalizar o que se quiser, tendo sempre alguma ou muita razão. O certo é que sabe bem, de vez em quando, ver alguém chamar trampa à trampa. Essa confirmação faz-nos sentir um pouco menos loucos e um pouco menos sós.
Obrigada, AA, por um trabalho tão bem feito que fez com que a hilaridade superasse a depressão. Alguns dos seus trocadilhos mereciam ser tatuados.
Subscrever:
Mensagens (Atom)