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26.6.12

Fifty Shades of qualquer coisa

Para quem ainda não sabe, o livro Fifty Shades of Gray é uma obra de fanfiction com base universo Crepúsculo (sim, aquele dos vampiros). Apresenta-se como literatura erótica e chegou aos tops de vendas, muito graças ao anonimado que o download de livros electrónicos permite. 
Não li, nem preciso; esta crítica chega e sobra para me esclarecer e fazer chorar de tanto rir. Mas, entretanto, ficam algumas questões no ar: Será a fanfiction legítima? Até que ponto se pode reciclar uma receita?


21.6.12

Imaginário

Ben West e Felix Heyes acabam de lançar o Google Book, um dicionário de imagens. Pegaram nas 21 000 palavras de um dicionário, pesquisaram imagens no Google e «dicionarizaram» a primeira que apareceu. Eis o resultado:



Definitivamente, ceci n'est pas un e-book.

Podem ler mais sobre o assunto aqui

PS: Gosto especialmente da capa.

3.2.12

Ecos

« [...] Na época, era um verdadeiro campo de batalha [a Feira do Livro de Frankfurt]. Procurava-se descobrir a obra-prima desconhecida, procurava-se caricaturar a oposição. Circulavam anciãos respeitáveis, até cheguei ainda a ver Gaston Gallimard. O frenesi era tal que um dia, ao almoço, Valentino Bompiani, Paul Flamant, talvez Rohwolt e um outro de que não me recordo disseram que se alguém tivesse inventado um autor teriam todos ido à sua procura. E inventaram Milo Temesvar, que apenas teria escrito Let me say it now, pelo qual a American Library dera um adiantamento de 50 000 dólares (nos primeiros anos da década de 60). Bompiani volta do almoço, conta a história a Morando e a mim e começámos a andar de stand em stand a perguntar solenemente por Temesvar. Cerca das seis da tarde toda a feira estava em alvoroço. Às oito, num jantar, Giangiacomo Feltrinelli (nunca percebi se para desencorajar a concorrência e ter mais espaço livre para a sua caçada ou por estar mesmo convencido disso) afirma: "Desistam do Temesvar. Já comprei os direitos para todo o mundo." Para mim, Temesvar continua a ser uma pessoa da família. Algum tempo depois escrevi uma recensão falsa sobre ele, dizendo que havia sido expulso da Albânia por desvios esquerdistas e que havia escrito um livro sobre Borges intitulado Sobre o Uso dos Espelhos nos Jogos de Xadrez. Seria de pensar que uma pessoa expulsa da Albânia por desvios esquerdistas fosse absolutamente inverosímil, mas vim a saber que Arnoldo Mondadori tinha assinalado a vermelho aquele artigo, escrevendo "comprar imediatamente". Milo Temesvar retorna também na minha introdução de O Nome da Rosa. Resumindo, hoje estou também eu convencido da veracidade da sua existência. »

Umberto Eco, numa entrevista incluída no livro Guia de Leitura, da colecção «Mil Folhas», do Público

31.1.12

Wikilivros

Através do blogue Malomil, fiquei a conhecer os wikilivros que alguém anda a publicar em regime print on demand via Amazon. São compilações de artigos, feitas de modo automático (o nome das «editoras», Alphascript e Betascript, sugerem que o maestro da coisa tem ligações à informática), que agregam conteúdos vagamente assemelhados, dando-lhes a forma de livro. Há sempre uns organizadores da obra que dão o nome por aquilo, e o facto de se tratar de material da Wikipédia não é propriamente ocultado.


Na imagem acima, temos a capa de um «livro» que ora aborda um hospital militar chinês, ora fala das relações sino-japonesas de 1933 a 1936.

Porque é que alguém quereria comprar em papel conteúdo que pode obter gratuitamente on-line é coisa que me ultrapassa. Mas, com a tecnologia POD, se se vender um exemplar provavelmente a «editora» já faz lucro. Uma vez montado o programa que compila os artigos e compõe o livro, é só esperar que apareçam clientes.

Quanto às questões levantadas relativamente ao copyright, parece que é tudo legítimo. Se não é bonito andar a fazer dinheiro com conteúdo que autores disponibilizaram gratuita e generosamente, nada parece proibi-lo segundo a licença Creative Commons da Wikipédia.

Duvido que o arquitecto desta artimanha faça muito dinheiro com isto (pelo menos nestes moldes). O que me deixa apreensiva é o mecanismo. Por aqui se vê como não é difícil apanhar conteúdos que voguem na internet e usá-los para fins não inicialmente previstos.

Ver mais sobre o assunto aqui.

3.11.11

Offshore em bom

Até há pouco tempo, nunca tinha ouvido falar desta aventura. São os GBA Ships, começaram em 1970 e vão no quarto navio. Logos foi o primeiro e atracou em Lisboa duas vezes (76 e 84). Diz quem lá foi que a novidade era completa e que os livros a bordo, numa espécie de feira flutuante, eram baratíssimos.
O objectivo da organização é levar ajuda e conhecimento a quem mais precisa. Segundo o site oficial (e não é difícil acreditar), estas feiras são, para muitos, a primeira oportunidade de comprar boa literatura e muitas pessoas sem meios para estudar puderam aprender e, consequentemente, melhorar as suas vidas através destes livros.

- 6000 títulos disponíveis, incluindo livros escolares e especializados;
- 40 milhões de pessoas a bordo desde 1970;
- Mais de 160 países e territórios visitados;
- 1400 aportagens.

É obra.

Para saber mais e, quiçá, contribuir: www.gbaships.org.

Obrigada pela história, P.!

25.10.11

Como se já não bastasse

Ter milhares de livros por ler e ainda haver outros tantos escondidos — eis uma lista de livros ficcionais dentro de livros (mais ou menos) reais.

17.10.11

Comparações

O negócio editorial não se assemelha a nenhum outro. Por vários motivos. A começar pelo facto de não se vender muito de uns quantos produtos, e sim pouco de muitos produtos complexos. Além de o paradigma ser o da cauda longa, as estruturas das editoras e o mercado do livro desdobram-se em especificidades filigrânicas (o que pode ser, e geralmente é, um desafio infernal para o gestor que «vem de fora»).
Durante anos (na verdade, até ontem), achei que o negócio dos livros tinha características tão próprias que não havia comparação possível. Até que me lembrei de uma analogia que encaixa na perfeição em muitos pontos. Com as devidas salvaguardas, esta comparação pode permitir-nos pensar a economia do livro e a gestão das editoras de outra forma.

E que indústria é esta, com tantos paralelos com a do livro? A farmacêutica.

• Autores em domínio público = genéricos.
• Livros académicos/científicos/especializados = medicamentos específicos, que exigem investigação pioneira e dispendiosa.
• Livros de grande público = medicamentos generalistas, não sujeitos a receita médica. Como há mais concorrência, o investimento em marketing tem de ser maior.
• Professores e outros prescritores = Médicos.
• …

Depois há muitas diferenças, claro:

• O Estado comparticipa em grande escala muitos medicamentos e todos os cidadãos precisam de os tomar numa altura ou noutra, ao passo que, no livro, têm os editores de dar uma parte ao Estado (11 exemplares obrigatoriamente cedidos para distribuição pelas principais bibliotecas – o chamado depósito legal) e o cidadão só compra livros se quiser.
• Farmacêuticas e farmácias estão relativamente bem organizadas e agrupam-se em associações distintas.
• …

Porém, alguns problemas são realmente parecidos:

• Onde dantes havia pontos de venda exclusivos – livrarias e farmácias –, agora temos uma abertura ao grande mercado – hipers, lojas generalistas, parafarmácias – que é simultaneamente uma ameaça e uma oportunidade.
• Os livreiros/farmacêuticos de ontem, que aconselhavam o cliente, foram substituídos em muitos casos por pessoas sem experiência, com baixos salários e alta rotatividade, cuja única habilitação é um colete/uma bata branca.
• …

A dimensão dos dois sectores na nossa economia pode ser bem diferente (e o gestor que actua num pode revelar-se inútil no outro), mas há problemas comuns. Assim sendo, talvez as soluções sejam análogas. Olhemos então para as estratégias deste «gémeo», já muito profissionalizado, e pensemos nas lições que podemos daí tirar.

16.6.11

Admirável mundo nosso

Afinal, parece que a poesia também se lê bem num ecrã. E este poema, pejado de referências, presta-se na perfeição às hiperligações e outros malabarismos. Mas, assim, será ainda o mesmo poema?

NB: Na lista do artigo, «The Waste Land» ultrapassa mesmo a aplicação Our Choice.

PS: A propósito de textos, livros, aplicações e outras complicadas definições, para que servirá isto?...

8.3.11

Ideias para passeio


num fim-de-semana prolongado.