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30.7.10

«Livros proibidos no regime fascista» (1981)


Chegou-me às mãos este livro, um levantamento (longe de exaustivo) de obras cuja circulação esteve proibida durante a ditadura. Entre elas encontramos títulos inevitáveis, como os de Karl Marx ou os de Henry Miller, mas também outros bastante surpreendentes, como um estudo de Pavlov. Livros sobre planeamento familiar, outros sobre o surrealismo, escritos de Agostinho da Silva ou de Bertrand Russel, havia um pouco de tudo na «Relação». Os Capitãs da Areia, de Jorge Amado, estava banido, assim como textos de Baudelaire, de Steinbeck e de Herberto Helder.
Não se estranha que um regime totalitário queira proibir obras de natureza explicitamente política — Tomaz da Fonseca é o campeão, com 16 livros interditos —, mas ficamos a perceber a força (também política, ou eminentemente política) da literatura quando, em estado puro, ela é suficiente para intimidar o censor, necessariamente um ignorante.
Em baixo estão três imagens de um Auto de Busca e Apreensão, de 1965, que ilustra como estas operações afectavam as editoras. (Para ampliar basta clicar na imagem.)

(últimas linhas sumidas no original)

Sublinhe-se que, além se apreenderem diversos títulos — aqui, por exemplo, são contemplados vinte e um, em que se incluem História Universal da Infâmia, de J.L. Borges, e Não Matem a Cotovia, de Harper Lee —, eram levados «para averiguação» todos os exemplares (neste caso, quase 15.000 exs.). 
Dezenas de editoras viram-se directamente lesadas pela censura; indirectamente, fomos todos nós. Que as infâmias da História fiquem na História.


Por acaso ou não, a editora que surge no relatório é a mesma que viria publicar este livro.

20.7.10

Words and enthusiasm

Erin McKean (www.dictionaryevangelist.com), lexicógrafa e criadora do Wordnik, fala-nos de dicionários. Um petisco para quem saboreia palavras.



E por falar em dicionários, seria impossível não referir o fantástico Wordia.

Porto Editora, que tal uma coisa parecida em português?

19.7.10

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Outside of a dog, a book is man's best friend. Inside of a dog it's too dark to read.

Groucho Marx

18.7.10

Balla

Armando Teixeira, ou Balla, autor das canções do Gato Fedorento na SIC, vai lançar um novo disco – Equilíbrio – em Outubro. Este quarto álbum de originais, depois do óptimo A Grande Mentira (2006), terá letras suas mas também de José Luís Peixoto, Miguel Esteves Cardoso e Pedro Mexia. Aguardemos.

16.7.10

Ao longe, um cão ladrou

Em literatura, é impossível escapar a imagens recorrentes.
Além da universal brisa na folhagem ou do murmúrio das ondas, há bordões mais subtis. Neste delicioso artigo, vemos como muitos autores adoptaram a expressão somewhere a dog barked para criar um ambiente ou fazer uma pausa. De Joyce a Tolstoi, passando por William Burroughs e Virginia Woolf, pequenos e grandes nomes das letras valeram-se do latido distante como recurso.
O mesmo se poderá dizer da clássica coruja que pia, havendo outra que lhe responde, convocada para a narrativa sempre que a noite é escura e silenciosa.
De agora em diante, estarei ainda mais atenta a estes chavões.

12.7.10

Comic Sans patience

Um dos tipos mais disseminados e repudiados de sempre revolta-se e responde à letra: um monólogo imperdível, que inclui pérolas como Need to soften the blow of a harsh message about restroom etiquette? SLAM. There I am.




E o Comic Sans bem precisa de defesa...

Criado em 1994 por Vincent Connare para a Microsoft, foi
um sucesso imediato. Inspirado na caligrafia da banda desenhada, Connare criou-o para evitar usar Times New Roman num balão de diálogo. Porém, o uso indiscriminado de caracteres com esta forma por toda a parte levou a que pessoas sensíveis a pormenores passassem a detestar o Comic Sans.
Hoje, c
onotado com falta de maturidade e de elegância, é símbolo da má utilização de um tipo. O site http://bancomicsans.com/, e o movimento a ele associado, ilustra bem a aversão que se gerou, especialmente por parte de designers.
Mas este não é um assunto debatido apenas por minorias. Na semana passada, um treinador desportivo norte-americano escreveu uma carta aberta usando Comic Sans. As suas declarações eram bombásticas, mas o que reteve a atenção do público foi o tipo de letra escolhido. Os leitores questionaram a seriedade das intenções do autor e troçaram imediatamente da sua opção tipográfica, fazendo disso um dos assunto mais comentados on-line nos Estados Unidos (notícia).
Por outro lado, se um tipo de letra conquista tamanha preferência, será que não tem mesmo alguma coisa de especial?
Connare carrega o fardo da sua sua criação e, sobre o seu Frankenstein, diz-nos: If you love it, you don't know much about typography, if you hate it, you really don't know much about typography, either, and you should get another hobby.

Para o melhor e para o pior, que não se duvide do poder de um tipo de letra.


PS: Se está a pensar escrever a uma editora, não o faça usando Comic Sans. Dificilmente será levado a sério.