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26.7.11

Adiante, comandante.

Para a frente é que é o caminho!
Quanto mais leio os brasileiros mais me agrada a diversidade dos seus pontos de vista. É que sem barulho não se faz música. Gostamos muito de concordar, mas se num meio meio reaccionário não se discute não chegamos a lado nenhum. Antes cair como Ícaro do que ser engolido p'lo tédio, pá.

5.7.11

Leituras de Verão


À porta de uma mercearia, em Santorini.


Obrigada, M.!

3.7.11

Até Orwell merece uns cortes*

Não no orçamento. Na escrita. Uma boa edição de texto faz milagres. Como um bom corte de cabelo mas vezes mil.

A verdade é que é difícil dizermos o que pretendemos à primeira. Repetimo-nos, enganamo-nos, trocamos a ordem das ideias, esquecemo-nos do leitor e com a má forma podemos aniquilar o conteúdo.
Porém, sentido crítico, familiaridade com a(s) língua(s), cultura geral e talento para a cirurgia podem ressuscitar um texto.
É difícil para o paciente, que nem sempre tem a paciência necessária. Mas para o operário das obras também não é fácil. Para o primeiro, o segredo é confiar. No caso do segundo, o truque é ser-se alternadamente protector, crítico, impiedoso e criativo.

Protector para com o leitor, para com as suas expectativas, respeitando o tempo e o dinheiro que ele despenderá com o texto, mas também para com o autor/tradutor, que cairia no ridículo se certas coisas chegassem a público, e ainda para com a editora, que acolhe a obra.
Crítico para com o autor/tradutor, que são humanos e, naturalmente, falham, e para com o próprio, medindo as medidas tomadas.
Impiedoso para com o texto, fazendo o bem sem olhar a quem, avançando com coragem e razão.
Criativo nas soluções propostas, procurando beneficiar todas as partes sem ferir susceptibilidades.

Há que respeitar as intenções do autor/tradutor, as ideias no texto, as necessidades do leitor. E no meio de tudo isto manter-se invisível.
É difícil para o autor/tradutor admitir insuficiências e perfilhar passagens que não são suas.
É difícil para o revisor/editor de texto, que tem de recorrer à negociação permanente (e que deixará de conseguir ler seja o que for em paz).
A editora faz de árbitro e se o fizer bem não ficará a perder.

Se tudo correr bem, no fim ganham todos, especialmente os leitores.

Se os editores de texto fazem falta hoje? Por Zeus, mais do que nunca!


* Writing naked (nakeder than Orwell)

23.6.11

Original nacional

Há coisas demasiado boas para deixar escapar. Há pessoas demasiado tolas que as deixam fugir. Eis uma das melhores ilustrações que vi nos últimos tempos:

Esta ilustração pertence a uma série e representa - de um modo genial, digo eu - a tonicidade silábica. Foi uma proposta concebida por Catarina Sobral para um «livro de aferição de exames», proposta essa recusada. Enfim (*suspiro*). Os livros escolares - tão electrónicos - podiam ir formando e refinando a literacia visual se quem decide tivesse sensibilidade e bom senso. Felizmente, como há olhos atentos, os talentos não se desperdiçam e vão parar a boas mãos. Em breve, a Orfeu Negro (na chancela Orfeu Mini) publicará um livro seu. Mal posso esperar. :)
Viva a justiça poética! Vivam os ilustradores portugueses! Viva o ponto de exclamação!

Nós narrativos

Para quem não conhece Augusto Monterroso, a Angelus Novus publicou recentemente A Ovelha Negra e Outras Fábulas. [Obrigada, Juva!]

16.6.11

Os livros são quê?

Não me parece que venha a ter muito tempo nos próximos tempos. Contudo, tenho há muito a intenção de deixar aqui no blogue umas quantas ideias sobre edição e respectivos satélites. Alguns dos tópicos são a arte e o livro (ou vice-versa), o papel do editor, o que faz um assistente editorial ou a tentativa de provar que os livros não são/estão caros. Como tenho de começar por algum lado, escolho esse último tema: «Os livros são caros».


Não recuarei tanto a ponto de perguntar «o que é um livro?», mas há que restringir o âmbito para não perdermos o fio à meada. Para poupar tempo e avançar com a discussão, partamos do princípio de que estamos a falar de um objecto impresso com 200 páginas, de capa mole, com 24 cm de altura e 14 largura.

«Os livros são/estão caros.» - De que livros estamos a falar?

A meu ver, definitivamente, os livros não são/estão caros na sua generalidade; só alguns, especializados, estão mais inflacionados. Falo do livro técnico (compêndios médicos, manuais jurídicos, teses de doutoramento), talvez do escolar, e pouco mais. Nestes casos, a editora pode esticar a sua margem, pois sabe que há procura e que o público-alvo tem (ou tem de ter) poder de compra.

«Os livros são/estão caros.» - Para quem?

Não vivemos num país rico. Este não é um país grande, nem com muitos leitores. O facto de sermos pequenos a vários níveis condiciona os preços, pois há a questão da escala. Em França (país mais rico, com 62 milhões de habitantes e muitos leitores), as tiragens médias são três e quatro vezes as nossas (pois há, no mínimo, cinco vezes mais leitores), o que reduz dramaticamente o custo unitário, o que, por sua vez, se reflecte no preço final.
Num país como o nosso, o livro pode parecer um bem de luxo para alguns. Mas não é, e passo a explicar.

«Os livros são/estão caros.» - Em relação a quê?

Suponhamos que o livro de que acima falámos tem um preço de venda ao público de 20€ (para termos um número redondo). Partamos do razoável princípio que se lermos meia hora por dia, num mês temos o livro lido. Ora, 0,5 horas x 30 dias = 15 horas. 15 horas de entretenimento e/ou aprendizagem (caso o livro que tenhamos escolhido seja interessante e o tenhamos lido até ao fim). 20€ ÷ 15 horas = 1,33€. Que outra fonte de entretenimento/aprendizagem tem um valor por hora tão baixo? Talvez a televisão. Mas além do que pagamos por ela, toleramos anúncios e outros conteúdos que não nos interessam na maior parte do tempo. O cinema e o teatro, em comparação, parecem exorbitantes. Se além do espírito quisermos exercitar o corpo, um ginásio cobra-nos uma mensalidade que daria para comprar muitos livros.
Aqui, há que acrescentar que há centenas e centenas de bons livros a 6€ - o preço de um bilhete de cinema. 15€ é o preço de um jantar. 30€ são uns sapatos baratos. Um livro deu muito trabalho a confeccionar, é património que fica, ao qual se volta sempre que se quer, que pode ser legado, revendido, etc.
Quem não pode comprar as novidades caras, tem sempre livros em domínio público na internet, livros em segunda mão nos alfarrabistas, feiras do livro (com descontos de 20 a 50%) e, sobretudo, bibliotecas.
Curiosidade: por cada título que lança, a editora tem de dar ao Estado 11 exemplares para este os distribuir pelas bibliotecas mais importantes do país. Além da complexa tarefa de fabricar livros e tentar vendê-los, a editora cumpre ainda esta obrigação para com todos os cidadãos, que é disponibilizar-lhes, gratuitamente, o seu trabalho.

Analisemos agora alguns equívocos que pululam em conversas quotidianas.
O diálogo que se segue é real e foi tido no Facebook há umas semanas entre compradores de livros na casa dos 30 anos. São pessoas com formação superior e que lêem em inglês (uma minoria, se olharmos para as estatísticas do país). Opinam com base no seu senso comum e desconhecem a complexidade do funcionamento de uma editora. (Ah, e aquelas contas finais são um total disparate.)

XY: Fui comparar os preços dos livros comprados em promoção na feira do livro com os preços no book depository. Foram todos mais caros, e por 3 livros paguei 10 euros a mais, 67% mais caros... :(
BP: O q é o book depository?
RM: Pensa pela positiva, estimulaste a economia nacional comprando cá.
PA: Comparações com o Book Depository (site de venda de livros) são injustas. Está bem que o preço dos livros em Portugal deviam ser mais baixos, mas, desde que o preço seja razoável e sejam livros que encontro por cá, não me custa pagar mais uns euros, sem comparar com sites que sei que apresentam preços *muito* baixos.
BP: Obg. :)
JP: são injustas? como assim? os livros são os mesmos. mais uns euros? eu paguei mais 67% em livros que supostamente estavam em promoção. Imagino que se não estivessem em promo, custavam o dobro do preço. a unica injustiça seria para o bookdepository uma vez que é uma loja,
e não uma editora. Ao comprar directamente a uma editora, deveria estar a pagar menos por não haver intermediário.
TG: Conseguem ser mais baratos que na Amazon.co.uk.
PA: Quando as lojas portuguesas (cujos preços afectam certamente os que as próprias editoras praticam na Feira) venderem o mesmo volume que lojas online como o book depository e amazon, entao podemos ir olhar para o IVA dos livros e discutir se os preços em Portugal sao "justos". Até lá, as diferenças de preços parecem-me lógicas, apesar de poderem às vezes ser desanimadoras.
JP: não há uma discussão do IVA, uma vez que o IVA pago é o de Portugal, no bookdep como na Amazon. Vivemos numa economia global e numa união económica de livre comercio e concorrência, e se é igualmente fácil e a metade do preço comprar no bookdepository, eu nem vou pensar 2 vezes e comprar no Bookdep. os preços das editoras tem de ser competitivos com o resto das lojas que estão disponíveis ao consumidor, ou então tem que ganhar o dinheiro de outra forma, prestando outro tipo de serviços, melhor qualidade, alguma mais valia que justifique o dobro do preço.
PA: Tu não estás a comparar os preços de edições portuguesas com os das edições originais, pois não? É que só as diferenças de tiragens de uma versão USA do "The Road" com as da portuguesa afectarão bastante o preço base.
TG: P., os preços dos livros em Portugal podiam ser mais baratos. Segui de perto desde a escrita ate ao lançamento do livro de um amigo meu. 2E por livro vendido para o autor; 3.8E para a impressão; 0.3E por livro para a distribuição; 500E para o revisor; numa edicao de 3000 exemplares da 0.17E; e um preço de lançamento de 26E. 2E+3.8E+0.3E+0.17E=6.27E, sabendo que a livraria tinha um ganho de 15% sobre o preco de capa a editora tinha um lucro de 15.83E por livro. Mesmo que a editora so vendesse 75% dos livros o lucro seria de 10.30E por livro vendido.

Primeiro: Em Portugal temos a Lei do Preço Fixo, que, salvo excepções, não permite que um livro seja vendido com mais de 10% de desconto sobre o preço inicialmente fixado pela editora nos primeiros 18 meses após a sua publicação. No estrangeiro, o editor fixa um valor mas há liberalização do preço - os canais de venda podem escolher abdicar da sua margem de lucro para baixar o preço do livro e, assim, chamar mais clientes.
Segundo: O Bookdepository vende livros baratos (os de massas, sobretudo) porque estão na sua edição original, vendem para um mercado enorme e, o mais das vezes, em edições já de si baratuchas (paperbacks em papel cinzento, com letra miúda, etc.). Se compararmos os preço dos livros cartonados cá e lá, ficam quase sempre ela por ela.
Acresce a isto o facto de nem sempre querermos ler um livro na versão original e preferirmos a tradução. Compro livros na Amazon, onde encontro pechinchas, e no Bookdepository, onde não pago portes de envio, mas compro quase sempre livros nas nossas livrarias ou directamente aos editores (via site ou feira do livro). Tudo depende da ocasião, da oferta, do que for mais competitivo e do tempo que estou disposta a esperar.
Terceiro: A edição é um trabalho duro, a concorrência é feroz e a venda dos livros tem de pagar toda a estrutura da empresa. Se a editora não tem distribuição própria, tem de pagar a uma distribuidora que, juntamente com os canais de venda, fica com (praticamente) 60% da facturação (-6% IVA) e que não garante o armazenamento dos livros (encargo esse que, com o tempo, se torna monstruoso). Se tiver distribuição própria, tem de pagar salários a delgados comerciais e todo o custo da logística. Em Portugal, as livrarias ficam em média com 35-40% do PVP (-6% IVA). Repito: 35-40%. 50% no caso dos hipermercados. Os autores ficam, em média, com 10% do PVP (-6% IVA). Com o que sobra, o editor tem de pagar a renda, os salários, o trabalho de tradutores, revisores, paginadores e designers, gráficas, despesas correntes (telefones, manutenção do site, quotas de associado da APEL, ...), armazenamento dos livros, etc.
E a verdade é que muitas vezes as editoras perdem dinheiro com a publicação de um livro. Apostar na publicação de um autor implica riscos. Mesmo que uma editora não recupere o investimento que fez (ah, o break-even... essa miragem), tem de pagar royalties sobre os exemplares vendidos.
Portanto: Comparar realidades incomparáveis (preços dos livros de uma editora portuguesa numa livraria nacional vs livros na sua versão original numa livraria on-line no estrangeiro) é precipitado/injusto/preguiçoso/inútil/outro (riscar o que não se aplica).

As editoras põem comida no prato de muitas pessoas. O preço dessa cadeia de valor reflecte-se inevitavelmente no preço do livro para o consumidor. Ainda assim, se virmos bem, os preços praticados estão longe de ser abusivos.

«Os livros são/estão caros», passo a vida a ouvir. Na maioria dos casos será só mais uma desculpa como «não tenho tempo para ler».

Admirável mundo nosso

Afinal, parece que a poesia também se lê bem num ecrã. E este poema, pejado de referências, presta-se na perfeição às hiperligações e outros malabarismos. Mas, assim, será ainda o mesmo poema?

NB: Na lista do artigo, «The Waste Land» ultrapassa mesmo a aplicação Our Choice.

PS: A propósito de textos, livros, aplicações e outras complicadas definições, para que servirá isto?...

25.5.11

Nomes próprios

I've got the name for our publishing house. We just said we were going to publish a few books on the side at random. Let's call it Random House.
Bennett Cerf, co-fundador da Random House (25.05.1898 - 27.08.1971)


Hm...

& ETC, 101 NOITES, 7 DIAS 6 NOITES, 7 NÓS, 90 GRAUS, A ESFERA DOS LIVROS, ABRIL, ACADEMIA DO LIVRO, ACTUAL, AFRODITE, AFRONTAMENTO, AHAB, ALÊTHEIA, ALFA, ALFABETO, ALFAGUARA, ALMEDINA, AMBAR, ÂNCORA, ANGELUS NOVUS, ANTAGONISTA, ANTÍGONA, AQUÁRIO, ARCÁDIA, AREAL, ARGUMENTUM, ARIADNE, ARTE PLURAL, ASA, ASSÍRIO & ALVIM, ÁTICA, AVANTE!, AVERNO, BAGS OF BOOKS, BE-A-BA, BERTRAND, BICO DE PENA, BIZÂNCIO, BLACK SON, BLAU, BOCA, BOOKSMILE, BOOKTREE, CADERNO, CAIXOTIM, CALEIDOSCÓPIO, CALENDÁRIO DE LETRAS, CAMINHO, CAMÕES E COMPANHIA, CAMPO DAS LETRAS, CÃO MENOR, CASA DAS LETRAS, CASA DO SUL, CAVALO DE FERRO, CHÁ DAS CINCO, CHIADO, CHILLI COM CARNE, CÍRCULO DE LEITORES, CIVILIZAÇÃO, CLÁSSICA, CLIMEPSI, CLUBE DO AUTOR, COIMBRA, COISAS DE LER, COLIBRI, COMPANHIA DAS ARTES, COMUNICAÇÃO, CONFLUÊNCIA, CONTEXTO, CONTRA-MARGEM, CONTRAPONTO, CORPOS, COSMOS, DAFNE, DE MÃOS NO FOGO, DESABROCHAR, DEVIR, DIDÁCTICA, DIFEL, DIFERENÇA, DINALIVRO, ECOPY, EDI9, EDICARE,
EDIÇÕES 70, EDIÇÕES ANTIPÁTICAS, EDIÇÕES NELSON DE MATOS, EDITORIAL NOTÍCIAS, ELA POR ELA, ERRATA, ESFERA DO CAOS, ESFERA DOS LIVROS, ÉSQUILO, ESTAMPA, ESTRELA POLAR, ESTROFES & VERSOS, ESTÚDIOS COR, ETEROGÉMEAS, EUCLEIA, EUROPA-AMÉRICA, EUROPRESS, FENDA, FIGUEIRINHAS, FIM DE SÉCULO, FÓLIO, FONTE DA PALAVRA, FRENESI, GAILIVRO, GATAFUNHO, GESTÃO PLUS, GIRASSOL, GÓTICA, GRADIVA, GUERRA E PAZ EDITORES, GUIMARÃES, HUGIN, ÍMAN EDIÇÕES, INQUÉRITO, JOÃO AZEVEDO EDITOR, K EDITORA, KALANDRAKA, LEGIS EDITORA, LELLO, LISBOA, LIVRO DO DIA, LIVROS DE AREIA, LIVROS D'HOJE, LUA DE PAPEL, LUGAR DA PALAVRA, LUSODIDACTA, MÁ CRIAÇÃO, MAGNÓLIA, MILL BOOKS, MINERVA, MINOTAURO, MINUTOS DE LEITURA, MULTINOVA, NOVA GUANABARA, NOVA VEJA, OBJECTIVA, OCEANOS, OFICINA DO LIVRO, OQO, ORFEU NEGRO, OVNI, PAPIRO, PARCERIA A. M. PEREIRA, PAULINAS, PAULUS, PÉ DE PÁGINA, PEDRA DA LUA, PERGAMINHO, PÉRIPLO, PERSPECTIVAS & REALIDADES, PLANETA, PLANETA TANGERINA, PLÁTANO, PORTO, PORTUGÁLIA, PREFÁCIO, PRESENÇA, PRIME BOOKS, PRINCIPIA, QUARTETO, QUASI, QUETZAL, QUID JURIS, QUIDNOVI, QUIMERA, QUINTA ESSÊNCIA, RELÓGIO D' ÁGUA, REPLICAÇÃO, ROMA EDITORA, SAGITÁRIO, SAÍDA DE EMERGÊNCIA, SALAMANDRA, SEBENTA, SEXTANTE, SIGNO, SÍLABO, SINAIS DE FOGO, TEMAS E DEBATES, TEOREMA, TERRAMAR, TEXTO, TEXTO E GRAFIA, TINTA-DA-CHINA, TRINTA POR UMA LINHA, ULISSEIA, ULMEIRO, VEGA, VERBO, VERDADE E LUZ, VERSO DA KAPA, VIA OCCIDENTALIS, VOGAIS E COMPANHIA, ZÉFIRO...

21.5.11

Grande troca de livros - um balanço







Começou às 11h10 e durou até às 14h, altura em que fomos almoçar. As pessoas foram aparecendo, conversando, propondo trocas, apreciando a vista, bebendo refrescos na esplanada do quiosque. Fomos menos do que imaginara, mas correu às mil maravilhas. Ainda ofereci livros, recebi uns de bónus também. (A esperança de me desfazer do volume de livros não se cumpriu.) A qualidade da oferta presente surpreendeu: Maria Gabriela Llansol, John Cheever, Eça...
Livrei-me de: António Lobo Antunes, Miguel Sousa Tavares, Jorge de Sena, Süskind, entre outros. Trouxe: Breton, Mishima, Cesário Verde, livros de arte e design, um Saul Bellow, um Beatriz e Virgílio, um Prestígio, e muitos, muitos mais.
Fiquei com taaaantos ainda: Sade, Platão, Margarida Rebelo Pinto, O Mundo de Sofia, Henry Miller, Heidegger, romances históricos novos, uff!...
Para a próxima levo-os de novo a passear. Sim, porque espero que possamos repetir em breve, ainda com mais participantes. Que dizem? Para o mês que vem ou lá para Setembro?


Contra capas não há argumentos

Daqui.

20.5.11

ahahahahahahahahah

ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah [pausa para respirar] ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah ahahahahahahahahah [nova pausa] ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah [recuperar o fôlego, respirar fundo e descansar].

Para quem não viu a graça nisto, pronto, leia isto. [Se sofre do coração, cuidado. Livreira anarquista, I heart you.]

Cover to cover #2


Antes do Voilà!

9.5.11

Hora H

Rumei à feira, como sempre, desta feita de mochila e tudo, para evitar as mãos ocupadas com sacos. (O que me valeu olhares de soslaio por parte dos seguranças nalgumas praças.) Ansiosa pela Hora H, de lista em riste, vejo que nem todos os pavilhões estão preparados para ela no momento de começar. A dita hora passa a correr e perde-se muito tempo com perguntas evitáveis (oh! o que seria de nós se a informação fosse mais explícita!) e filas para pagar. Surpresa das surpresas reservada para o final: 15 minutos antes da feira terminar, há pavilhões em que se faz a caixa, recolhem as abas laterais e guardam livros, num cenário desolador, que faz com que o visitante sinta que anda aos restos.
Estive muitos anos desse lado e sei que o cansaço de um dia longo é por vezes avassalador; porém, a Hora H traz muita gente à feira e pode ser bem animada. Todos os vendedores com quem falei e cujas editoras participam na iniciativa dizem que nesse horário há maior afluência. Então o que se passa? Fazem os descontos contrariados? Não estão interessados em vender mais um pouco? Não vale a pena fazer o esforço pelo visitante - também ele cansado e ao frio, mas que saiu de casa para ir comprar livros? Ou será tudo isto grande escrúpulo em cumprir os horários de encerramento?
É nestas coisas, quer-me parecer, que tudo se perde. Na hora H volta-se costas ao potencial, desiste-se, não se faz aquele esforço extra.

Ficaram livros por comprar e voltarei lá esta semana. Gostava mesmo de retirar o que escrevi.

2.5.11

Já na agenda!



Lá estarei, com pilhas de livros para a troca.

1.5.11

O Natal está já aí

Presentes, anyone?

Tempo

Mal posso esperar para ter tempo.

Cover to cover #1

Eis um exemplo de como se faz a capa de um livro.

Ciclos

Não são só as «pequenas» que fecham, as «grandes» também. Com mais estrondo e tudo. E por vezes com sentido de humor.

E depois há outras que nascem, estranhas, que dão que pensar.

14.4.11

Coisas boas que até nos fazem esquecer as alergias


Aqui está uma que vale por muitas.

Cartas de despedida

Essas, como esta, não sei porquê, nunca são ridículas.

3.4.11

re-cover


Há mais aqui.

Com umas quantas letrinhas apenas

Soube agora que, sem saber, ando há anos a contribuir para tornar inteligíveis textos ilegíveis por máquinas, ressuscitando-os e dando-lhes mais sentido. Eu bem suspeitava que muitas das ditas palavras eram mesmo palavras.
Fico naturalmente satisfeita por saber que enquanto combato spam provando a minha humanidade estou também a contribuir para uma causa. Mas é uma boa causa? E porque não soubemos disto antes?

2.4.11

Cantinho de mim mesma

A Antonia Eiriz

Felices los normales, esos seres extraños.
Los que no tuvieron una madre loca, un padre borracho, un hijo delincuente,
Una casa en ninguna parte, una enfermedad desconocida,
Los que no han sido calcinados por un amor devorante,
Los que vivieron los diecisiete rostros de la sonrisa y un poco más,
Los llenos de zapatos, los arcángeles con sombreros,
Los satisfechos, los gordos, los lindos,
Los rintintín y sus secuaces, los que cómo no, por aquí,
Los que ganan, los que son queridos hasta la empuñadura,
Los flautistas acompañados por ratones,
Los vendedores y sus compradores,
Los caballeros ligeramente sobrehumanos,
Los hombres vestidos de truenos y las mujeres de relámpagos,
Los delicados, los sensatos, los finos,
Los amables, los dulces, los comestibles y los bebestibles.
Felices las aves, el estiércol, las piedras.

Pero que den paso a los que hacen los mundos y los sueños,
Las ilusiones, las sinfonías, las palabras que nos desbaratan
Y nos construyen, los más locos que sus madres, los más borrachos
Que sus padres y más delincuentes que sus hijos
Y más devorados por amores calcinantes.
Que les dejen su sitio en el infierno, y basta.


Roberto Fernández Retamar

1.4.11

As linhas com que as histórias se cosem

Derek Sivers esteve numa palestra de Kurt Vonnegut e trouxe de lá uns belos apontamentos.
Ora espreitemos.





PS: Não sei quanto a si, leitor desse lado do espelho luminoso, mas cá a minha vida real não é nada como a da figura de baixo - é mais como a de cima (acho que porque lhe presto atenção). Ou quando muito seria como a de baixo, mas vista ao longe, porque o meu dia-a-dia é de Cinderela.

8.3.11

Apagão


Obrigada, Pedro!

Delícias

Coisas assim.

: )

Ideias para passeio


num fim-de-semana prolongado.

A polémica Mark Twain

Como anunciado aqui, escrevo hoje sobre a controversa reedição de The Adventures of Huckleberry Finn e Tom Sawyer que substitui a palavra «preto» por «escravo». Quem não está a par, pode ler este artigo e ficar com uma ideia do que se trata.
É bem sabido que os Estados Unidos têm um problema com a «N-word» e que esta versão politicamente correcta só podia redundar numa chuva de críticas. Contudo, pus-me a pensar nos argumentos e não consigo deixar de concordar com a defesa do advogado do diabo. Quanto mais penso nisso, mais penso para mim «porque não?»
Fala-se da sacralidade do objecto literário, puxam-se os galões ao génio (como se ele precisasse), fala-se da História na história e mete-se o Dr. King ao barulho. Mas quanto mais penso nisso, mais penso para mim «porque não?»
O texto é de leitura obrigatória - mesmo quando não consta dos programas, ai de quem não a tiver lido -, já faz parte da cultura. Porém, também o desconforto diante de certas palavras faz parte da cultura e nem por isso é mais agradável. Dos leitores desta obra, massa anónima, adolescente e não só, constam brancos e negros, ricos e pobres. Muitos leitores sentirão desconforto ao lerem hoje, e tantas vezes, uma palavra que os ofende. Palavra escrita com uma intenção e que faria parte de um contexto, mas que, ainda assim, repugna.
Se uma edição substitui deliberadamente uma palavra com um passado e um presente pesado por outra - não menos dramática, mas menos problemática e até bastante problematizante -, desde que o faça com a devida advertência - até um prefácio! - não me parece nada mal.
A leitura que faço dessa opção não é tanto política, é mais empática. E por isso me parece válida.

Torneio literário


Isto sim.

Estética Felina


Cover lover #4



19.2.11

Meet the Classics



Campanha publicitária da Penguin para promover os clássicos.




Para saber mais, clicar aqui.


6.2.11

Sebastião Rodrigues

Para quem não conhece, é obrigatório dar um pulo aqui.

Considerado «o Pai do design português», com uma obra extensíssima, em particular no que toca à edição, é autor de capas históricas, como as que vêem em baixo.

O que mais impressiona, além de tudo, é o quão portugueses eram os seus projectos.























Além das imagens, deixo-vos um curioso testemunho do próprio:




Jorge Silva Melo, citado por Pedro Marques, escreveu sobre a perenidade das suas criações.

Entretanto, Jorge Silva [Silva! designers] tem um blogue, que relembra o nosso design. A seguir (e a recordar), pois com certeza.

2.2.11

Sem título

Auto-retrato de Borges, já cego.

E outros desenhos de outros autores.

11.1.11

Ainda sobre o Comic Sans

Estudos científicos comprovam que

e


Com piscadela de olho à Ana.

« »

It might well be that you only get out of a book what you put into it an see in it only what you are

W. Somerset Maugham (colhido algures)

6.1.11

Liberdades

Segundo os anónimos responsáveis, «nasceu no Facebook a primeira editora 100% virtual portuguesa direccionada a autores auto-publicados». (link)

A propósito ou não, quando a Bubok se tornou uma das minhas ligações no Facebook, recebi de imediato um e-mail seu perguntando se já tinha publicado um livro.

E por falar em autopublicações, aqui fica uma amostra das muitas utilidades de um livro.

5.1.11

Balanços

Não simpatizo com eles mas volta e meia é preciso tomá-los.
Eis 2011. 2010 foi um ano cheio. Comecei o blogue, fechei janelas e abri portas. Li muita coisa, menos do que queria, reli alguma coisa também. Sei um pouco mais do que sabia, espero menos, procurarei fazer melhor. Agora para o fim perdemos Tony Judt, Carlos Pinto Coelho e Denis Dutton. Tudo muda. Vejamos o que o amanhã nos traz.

21.12.10

Ofereça livros pelo Natal

Mas cuidado, a reacção pode ser esta:





Depois de conhecer o contexto* deste polémico vídeo, com mais de 30000 visualizações, tem graça.


*After opening a whole bunch of toys, my son 3 year old came across a present with books....keep in mind that this was kinda like his first "real" Christmas....and again he's was only three years old!....let me repeat. ONLY THREE YEARS OLD... And that he could just about understand and get the concept of the whole gift getting thing. I guess much to the blame of me, the media, and every commercial out there on TV he was more under the perception that you only get "toys" for christmas. To him Books are the fun time we spend reading (no less than three) every night before he goes to bed. Let me make something clear again. HE REALLY DOES LOVE BOOKS! But I'm guessing he was "overwhelmed" after opening way too many gifts (my fault I went overboard that year) and I think he felt "tricked upon" when he opened the books.....plus the fact that we were laughing at his reaction kinda egged him on to say the Poo statement..... He really is one of the sweetest kids I know and to see this reaction (if you know him yourself) IS cute.
I have deleted a lot of very undeserved negative comments that have been posted....I understand now that without a good understanding of the back history one could make a poor assumption of him....but now i hope you know that he was ONLY THREE YEARS OLD PEOPLE and that he only thought your supposed to get toys for christmas....partly because of how commercialized this holiday has become.....we have since taught him differently..............but just for kicks were gonna wrap books again for him and see what happens....

19.12.10

Cover lover #2


Daqui (do lóbulo da orelha).

De cordel

Ah! ah! ah!

Cover lover #1



Uma publicação destes senhores, encontrada aqui (e a fazer lembrar esta).

8.12.10

&etc

A revolução está mesmo aí. A emitir directamente do subterrâneo, a &etc virtualizou-se. Ora sejam bem-vindos.

5.12.10

Primeiras deleituras

A propósito de um artigo lido algures num blogue, dei por mim a recordar as minhas primeiras leituras. As primeiras foram-me feitas, claro, e delas não tenho muito mais além de vagas memórias. No percurso de autocarro até ao centro da cidade, a minha mãe entretinha-me com livros, quase sempre os mesmos. Desses, recordo os do Plum, quadrados, com páginas de cartão, de cuja colecção tinha três ou quatro títulos Os desenhos não me cansavam e o urso amarelo das histórias condizia com um boneco de peluche que tinha. (Será por isso que a minha cor preferida, no abstracto, é o amarelo?) Entre estes livros – para leitores de 2/3 anos – e os da Anita e afins – que, por essa altura, já lia sozinha –, houve dois que recordo com especial intensidade e ternura.
Um é O meu amigo elefante: viagem à Índia, repleto de aguarelas saídas de um sonho, que conta a história de um rapazinho que se despede dos pais para participar no festival anual de elefantes, em Jaipur. O exotismo da aventura e a singeleza da história são encantadores.
Outro é Tuqui Aviador, em que Tuqui, a personagem principal, compra um avião no ferro-velho e o restaura, pintando-o de amarelo (!). Tuqui é um cão, os melhores amigos um coelho e uma gata. O sucateiro é um rato e pelo meio da história há um agricultor surpreendido e uma dona de casa zangada por lhe terem levado o estendal. O cenário é totalmente campagne, o texto é em rima e fala-se em fuselagem. Foi a esta palavra que me agarrei, segundo me contam. «Ó mãe, o que é fuselagem?» E quem diz fuselagem diz outras coisas, como croissant. Terá sido por volta desta idade que comecei a descobrir o inesgotável interesse das palavras (e o apetite que algumas geram).
Em baixo fica uma amostra:


Curiosidade: http://www.leitura.gulbenkian.pt/index.php?area=rol&task=view&id=16840

Novos capítulos

Não, o blogue não morreu, esteve só adormecido durante um período de intensas mudanças. A ver se agora retomamos o ritmo (e se, porventura, actualizamos a lista de leituras).

3.11.10

Vídeoarte

Os booktrailers, que começaram por ser (pelo menos por cá) coisas toscas para promover os livros, indo buscar os leitores onde estes andavam, acabaram por ganhar em poucos anos um espaço próprio, havendo já prémios e fóruns da especialidade.

Este, em particular, cativou-me hoje a atenção. Diz respeito ao livro Soulpancake, que também tem direito ao seu próprio site, está claro.
Vale a pena fazer um vídeo (e um site!) para cada novo título? Bah, se as prateleiras já estão cheias de papel para reciclar, na rede não faltam zeros e uns supérfluos. Não se justifica tal disparate, que só banaliza o fenómeno, levando ao desinteresse generalizado. Evite-se usar o Youtube para, com uma música «emprestada», fazer fade-in e fade-out da capa do livro, alternando com uns excertos do texto ao estilo Powerpoint.
Porém, quando uma obra é especial, mesmo especial, uma verdadeira aposta, aposte-se tudo. Assim vale a pena. Contrate-se um realizador, se for preciso um produtor e demais elementos, faça-se um brainstorming generoso e, com os meios possíveis, leve-se a mensagem o mais longe que se puder. Este vídeo (um verdadeiro aperitivo), por exemplo, deixou-me cheia de apetite!

1.11.10

Found in translation


Grã-Bretanha, Inglaterra e Reino Unido não são a mesma coisa.

24.10.10

Cor

Depois de uma visita aqui e aqui (muito engraçado, o percurso da empresa), assista-se a:


e, já agora, também a:


22.10.10

Tinta permanente

Já conhecia o Contrarywise, mas não o blogue Tatoolit, que deu origem a este livro, The Word Made Flesh:


Agora não sei o que quero, se o livro, se uma tatuagem gira ou os dois. (Pfff... como se eu algum dia conseguisse decidir o que tatuar e tivesse coragem para levar a ideia avante.)

PS: Belo brooktrailer!

Ah, time flies

Já lá vão três!...

17.10.10

Nós por lá

«Crítica» ao Livro do Dessassossego, de Fernando Pessoa, no Guardian. (Não lhe faz justiça, mas any publicity is good publicity.)

16.10.10

DGLB

No Público: «A proposta de Orçamento do Estado para 2011 propõe 50 processos de reorganização na Administração Pública, incluindo várias extinções de organismos.»

Logo no primeiro artigo: É extinta, sendo objecto de fusão, a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, sendo as suas atribuições integradas na Biblioteca Nacional de Portugal.

Péssimas notícias. Vamos ver o que acontece.

Design editorial português novamente elogiado no estrangeiro

Ler mais aqui.

12.10.10

Lighteratura

Danielle Steel deu à Time uma entrevista em que responde a dez perguntas. Eis o vídeo:


A primeira vez que vi um livro da Danielle Steel foi há muitos anos em casa da minha avó materna, que lia e ainda lê muito, principalmente na cama (como eu — só que ela também o faz de manhã, ao contrário de mim, que cada vez tenho menos tempo e adormeço ao fim de menos páginas). Peguei-lhe e julguei-o pela capa, estilo caixa-de-bombons. Li as primeiras linhas e não mudei de ideias; frases banais como «ele pegou na mão dela e depois isto e aquilo» só confirmaram a impressão que a fotografia da autora (a preto e branco evanescente, de mise e colarinho levantado) na contracapa tinha deixado. Carimbo: romances românticos para leitores pouco exigentes. Essa opinião mantém-se.
Porém, aqui está uma senhora que escreveu mais de cem livros, que vendeu milhões de exemplares em dezenas de países, nunca desapontando um público que lhe é fiel. Quanto mais não seja, há que admirar-lhe a consistência e o profissionalismo.
Ao ler um pouco mais sobre a sua vida, conhecendo melhor o seu método, começa a sentir-se gradualmente uma certa reverência pela autora. A resposta lúcida e pronta, uma inigualável capacidade de botar verbo, a empatia com os leitores, a franqueza e a dedicação às suas prioridades fazem de Danielle Steel mais do que uma banal escritora de pena cor de rosa.
Ganhei-lhe uma certa admiração porque não pretende enganar ninguém, porque os seus livros, embora formalmente elementares, terão sido úteis a muitos leitores, como distracção, terapia ou fonte de algum conhecimento, e porque soube alimentar os seus talentos.
Talvez esteja a ser condescendente — o Nicholas Sparks não m'inspira tais observações e quiçá tenha feito o mesmo —, mas o que é certo é que a respeito muito mais do que a um Paulo Coelho (cuja pretensa espiritualidade me desagrada sobremaneira — e para dizer sobremaneira é porque é mesmo muito) ou a um José Rodrigues dos Santos (cujos maus textos condizem com a fraca impressão que tenho da sua pessoa pública).
Não estou a dizer que a obra de Danielle Steel tem valor «por pôr pessoas a ler», o que seria, em grande medida, um bom argumento, ou que «se tem leitores é porque merece ser editada», o que, em parte, até é verdade. O que digo é que Danielle Steel, como autora, tem valor por si mesma. Numa época de sabichões, poseurs e outros impostores, falar de sentimentos (sejam eles quais forem) com sinceridade e competência é coisa rara. Continuarei uma fiel não-leitora, mas daqui em diante assumida admiradora da sua (pelo menos aparente) autenticidade.

site | blogue

11.10.10

Eu sei, eu sei,

deveria estar a escrever sobre muitas coisas importantes que se estão a passar. Contudo, minh'alma está petrificada desde que viu isto:



via Facebook do Filipe Homem Fonseca.

9.10.10

Enredos #1

Esboço de J.K. Rowling para o seu Harry Potter e a Ordem da Fénix.

6.10.10

Status

Não estou em Frankfurt. Estou só ocupada (e também soterrada sob uma avalanche de coisas que tenho em fila de espera para pôr aqui).

Actualização: não estou em Frankfurt mas é quase como se estivesse!

5.10.10

Alfabetologias


Daqui (com dois dedinhos a apertar o lóbulo da orelha).

1.10.10

Possibilidade

Prefiro o cinema.
Prefiro os gatos.
Prefiro os carvalhos da margem do rio Warta.
Prefiro Dickens a Dostoievski.
Prefiro-me a mim, que quero bem às pessoas, a mim,
que amo a humanidade.
Prefiro ter à mão agulha e linha.
Prefiro a cor verde.
Prefiro não afirmar que o intelecto tem culpa de tudo.
Prefiro as excepções.
Prefiro sair antes.
Prefiro falar com os médicos de outras coisas.
Prefiro as velhas ilustrações tracejadas.
Prefiro o ridículo de escrever poesias ao ridículo de não as escrever.
Prefiro no amor os aniversários que não são redondos,
para festejar todos os dias.
Prefiro os moralistas que não me prometem nada.
Prefiro uma bondade perspicaz a uma demasiado crédula.
Prefiro a terra à paisana. Prefiro os países conquistados aos países conquistadores.
Prefiro ter reservas.
Prefiro o inferno do caos ao inferno da ordem.
Prefiro as fábulas dos Grimm às primeiras páginas.
Prefiro folhas sem flores às flores sem folhas.
Prefiro os cães com a cauda não cortada.
Prefiro os olhos claros, porque os tenho escuros.
Prefiro as gavetas.
Prefiro muitas coisas que aqui não mencionei a muitas outras também aqui não mencionadas.
Prefiro os zeros desordenados aos alinhados numa quantia.
Prefiro o tempo dos insectos àquele sideral.
Prefiro bater na madeira.
Prefiro não perguntar por quanto ainda nem quando.
Prefiro tomar em consideração até a possibilidade que o ser tenha uma razão.

Wisława Szymborska

Tradução de Virgílio Tenreiro Viseu, em A Vertigem das Listas, de Umberto Eco, Difel, Lisboa, 2009